Escrito por Kaley Overstreet | Traduzido por Vinicius Libardoni
No mundo altamente conectado em que vivemos hoje, a tecnologia influencia e impacta quase todas as decisões que tomamos. Big Data, Inteligência Artificial (IA), e a Internet das Coisas (IoT) têm aperfeiçoado nossas vidas no âmbito digital, nos ajudado a entender melhor os espaços em que vivemos.
Além dos sistemas e equipamentos inteligentes que já fazem parte de nossa vida cotidiana – os quais foram sendo incorporados ao nosso dia-a-dia ao longo das últimas décadas –, uma série de outras tecnologias estão surgindo e prometem revolucionar também os nossos espaços de trabalho, as quais – mais cedo ou mais tarde –, também deveremos nos adaptar. Frequentemente, o objetivo dessas novas tecnologias é a otimização de todos os processos, fornecendo dados para que as empresas possam tomar decisões mais acertadas e compreendendo melhor o fluxo de trabalho de seus funcionários.
As tendências de projeto de espaços de trabalho estão tentando acompanhar estas mudanças, adaptando-se à nova maneira como os funcionários se relacionam com o seu espaço de trabalho. Uma infinidade de empresas e edifícios de escritórios estão migrando de suas antigas soluções em planta livre e salas privativas, para espaços fluidos e integrados, onde os trabalhadores podem usufruir de uma série de amenidades e espaços de trabalho colaborativo.
Acontece que, com a universalização de sistemas inteligentes utilizados em nossos espaços de trabalho, atualmente temos à nossa disposição uma infinidade de dados que nos permite melhor compreender de que maneira as nossas decisões projetuais interferem na produtividade e na eficiencia de cada um dos funcionários. As possibilidades apresentadas por estes novos sistemas inteligentes são inúmeras, principalmente no que se trata de avaliação pós-ocupação.
Atualmente é possível realizar avaliações de desempenho tanto em tempo real quanto cotidianamente, nos permitindo melhor compreender de que maneira nossos projetos funcionam, fazendo com que o processo de projeto também seja mais inteligente.
A adaptação do espaço de trabalho com base no surgimento de novas tecnologias não é uma prática totalmente nova. No início do século XX, pesquisadores descobriram que a produtividade no chão de fábrica aumentava quando pessoas e máquinas e estavam perfeitamente alinhadas no processo de montagem.
Eles entenderam que a eficiência aumentava diretamente à medida que se reduzia o tempo de deslocamento, pois eliminando a necessidade de movimento de um trabalhador, criava-se uma linha de produção mecânica mais rápida e mais eficiente. Estas técnicas não só beneficiaram os donos das fábricas, mas também provocaram uma transformação na indústria da construção civil, especialmente em relação à construção de edifícios.
Entretanto, a linha de produção fordista tem as suas limitações, principalmente porque os trabalhadores são seres humanos e não máquinas. O ar condicionado também foi uma invenção desenvolvida para maximizar os lucros, diminuindo a sensação de fatiga dos trabalhadores explorados em seus turnos infinitos em troca de um salário de fome.
Ainda em busca de aumentar a produtividade, algumas das tecnologias mais comuns hoje em dia são as redes de interconexão digital de objetos cotidianos ou Internet das Coisas (IoT), as quais utilizam sensores de movimento para monitorar a utilização de um espaço ou uma estação de trabalho. Estes dados permitem que os projetistas possam melhor entender e avaliar o impacto de suas decisões na produtividade dos espaços de trabalho.
Algumas empresas, por exemplo, já estão utilizando sensores inteligentes para monitorar as condições de temperatura, iluminação e circulação dentro de seus espaços de trabalho. A análise do movimento do sol e da variação das condições de iluminação em um espaço de trabalho ao longo do dia também pode fornecer informações à respeito de como melhor ocupar um determinado espaço existente para que o mesmo seja mais confortável para seus funcionários.
Algumas empresas mantém uma atitude mais conservadora quando se propõe a implementação de “sensores de movimento” e a “coleta de dados” de seus funcionários. Não é para menos, pois por outro lado, há uma crescente preocupação com a vigilância excessiva das pessoas em seus ambientes de trabalho.
Entretanto, muitos destes sensores permitem que os dados coletados em uma estação de trabalho sejam separados, ou até independentes, da identidade do funcionário. O objetivo final não deve ser vigiar o comportamento diário e individual de um trabalhador, mas compreender o padrão de conduta de um grupo maior de pessoas em um período mais dilatado de tempo.
Hoje, o trabalho de um arquiteto não termina no momento da “entrega das chaves”. Novas tecnologias e sistemas inteligentes oferecem uma oportunidade única para que possamos aprender e aperfeiçoar a nossa própria prática projetual. O ambiente de trabalho está em constante evolução, assim como a tecnologia que o acompanha.
Com todos estes novos recursos à disposição, enquanto as empresas têm acessos à mais dados para poder avaliar qual solução de design é mais apropriada para suas ambições, nós, como arquitetos, devemos estar sempre ao lado daquilo que é mais importante e trará mais benefícios para os usuários e os trabalhadores em geral.