MEGAPORTA DE BAMBU

EM CAIXILHOS DE ALUMÍNIO UM TRANÇADO DE BAMBU FEITO ARTESANALMENTE COMPÕE AS FOLHAS DA PORTA DE CORRER DA FACHADA DA LOJA TETUM, EM BELO HORIZONTE. CADA UMA DELAS MEDE QUATRO METROS DE LARGURA POR DEZ DE ALTURA, GERANDO O DESAFIO PARA A PRODUÇÃO DA CAIXILHARIA DE ALUMÍNIO E O USO DE ROLDANAS ESPECIAIS, COM 120 MILÍMETROS DE DIÂMETRO, EM AÇO INOX.

Megaporta de Bambu - mauriciogebaraarquitetura.com - arquiteto - arquitetura

Dois grandes galpões, interligados por uma passarela de madeira e vidro, abrigam a nova loja de design e decoração da Tetum, no bairro do Carmo, em Belo Horizonte. O pé-direito de 9,30 metros no bloco frontal, além de favorecer a entrada de luz e ventilação naturais, permitiu que a arquitetura atendesse ao desejo da proprietária de ter uma ampla vitrine.

Estéticamente Viável

O escritório Eduarda Corrêa Arquitetura & Interiores, responsável por todo o projeto, fez mais do que colocar no espaço uma área envidraçada: desenvolveu um desenho exclusivo com dois grandes painéis de bambu e caixilharia de alumínio.

“Surgiu a ideia de criar uma porta de correr que desse a segurança necessária e fosse, ao mesmo tempo, esteticamente viável, já que ficaria na fachada principal do empreendimento”, conta a arquiteta Eduarda Corrêa.

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Para pôr em prática a ideia foram criadas duas portas de correr em medidas especiais: uma serve apenas como composição da fachada (desloca-se somente para manutenções) e a outra desliza sobre um trilho, exibindo a vitrine durante o dia – quando aberta – e protegendo-a durante a noite, após ser fechada.

Vizualização Geral dos Produtos

Assim, essa área de integração visual com o exterior permite às pessoas em trânsito pelo local a visualização dos produtos e dos ambientes montados, bem como do mobiliário exposto.

Na composição das folhas, utilizou-se um trançado de bambu feito artesanalmente. “A escolha desse material se deu por ele ser resistente, leve e sustentável”, explica Eduarda.

As folhas medem quatro metros de largura por dez de altura e seu deslocamento é feito por um trilho superior e uma guia no piso, com esquadria projetada e calculada especialmente para este projeto pela Dinaflex, de São Paulo. Foi empregada a linha Dina 75, que tem perfil de 75 x 150 milímetros, com mais três de espessura para reforço interno.

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De acordo com a empresa, o grande desafio consistiu em avaliar e solucionar questões relacionadas ao comprimento de barra (normalmente de apenas seis metros), acabamento do perfil, montagem, transporte e instalação.

Estrutura Especial

“Pela impossibilidade de conseguir uma barra especial e acabamento convencional numa porta dessa dimensão, foi preciso ser feito em duas partes – 6 + 4 metros -, com reforço interno que tem a função de, junto com o perfil, atender estruturalmente o vão e alinhar perfeitamente as duas partes, unidas por solda.

Depois as folhas receberam pintura eletrostática, possibilitando assim obter a altura necessária com estrutura e acabamento adequados”, detalha Éder Mehes, técnico responsável da Dinaflex.

Como cada folha pesa cerca de 500 quilos, as roldanas utilizadas não poderiam ser convencionais. Foram desenvolvidos modelos especiais, com 120 milímetros de diâmetro, em aço inox.

Especialmente Elaborada

Além disso, segundo Mehes, há um sistema de fecho que trava a folha no piso e uma malha com vergalhões de aço a cada 0,10 metro (na horizontal e na vertical) para que as varas de bambu fossem fixadas nas extremidades do perímetro da esquadria – uma única tela de aço galvanizada, com espessura de 0,7 milímetro em perfil maciço, na cor do aço corten.

“Sobre essa tela fixamos três camadas de meia cana, uma a uma, sendo a primeira delas presa com arames de cobre na malha metálica e as demais com pistola pinadora pneumática. O acabamento final levou duas demãos de stain, em ambas as faces”, descreve o técnico.

O bambu foi fornecido e instalado pela empresa Bambu Carbono Zero, de São Paulo, com casca aparente e diâmetro de 2,5 a quatro centímetros, tratados em autoclave com CCA. Já o fornecimento e a instalação das esquadrias de alumínio ficou a cargo da S. Naldi. A empresa extrusora dos perfis foi a Amplimatic e a pintura eletrostática foi realizada pela Stilrevest.

Além da solução inovadora para a fachada, o prédio da Tetum tem outros atributos. Quando o projeto executivo ainda estava sendo elaborado, percebeu‑se que o empreendimento poderia obter a certificação Leed.

Foi então contratada a consultora EcoConstruct Brazil para auxiliar nos ajustes necessários. »
“A nova loja será o primeiro projeto comercial a buscar a certificação Leed em Minas Gerais”, observa Eduarda.

Com a orientação técnica necessária, os materiais de acabamento foram revistos e princípios como racionalidade, durabilidade, conforto térmico, eficiência energética e hídrica foram adotados.

Resultado Brilhante

Também foi incluído o gerenciamento de resíduos no canteiro de obra. “Um projeto bem-intencionado já nasce com os pré-requisitos necessários para se tornar sustentável.

Basta depois uma boa assessoria, aparando as arestas e orientando corretamente”, comenta a arquiteta, que, com essa obra, ganhou no ano passado o Prêmio Amide (Associação Mineira de Decoradores de Nível Superior) na categoria comercial.

O prédio foi erguido com estrutura metálica, lajes em steel deck e telhas termoacústicas para proporcionar maior conforto térmico. Essas soluções proporcionaram agilidade no processo de montagem e, no caso da estrutura, a possibilidade de vencer grandes vãos.

Texto de Gabriela Nunes| Publicada originalmente em Finestra na Edição 91