“Instalação de novo vitral no Santuário Sagrado Coração de Jesus, no Água Verde, marca a finalização da construção do local de acordo com o projeto original”
“Os paroquianos do Santuário Sagrado Coração de Jesus, que fica na esquina da Avenida Água Verde com a R. Bento Viana, no bairro Água Verde, em Curitiba, estão em festa – e não é só pela celebração do Sagrado Coração de Jesus na última sexta-feira (28): depois de 60 anos, a obra da igreja pode finalmente ser considerada concluída. O último ato da concretização do projeto original foi a idealização e montagem de um vitral de aproximadamente 200 metros quadrados de frente para a rua Bento Viana – onde uma grande parede de vidros comuns aguardava pacientemente pelo momento de ser substituída.”
““Essa é uma construção que começou em 1959. O arcebispo da época, Dom Manuel da Silveira D’Elboux, pediu que aqui fosse feita uma grande igreja, tanto que ela é uma das maiores da cidade e sempre foi pensada para ser um grande referencial. Agora, com o vitral, chega-se na parte de finalização da obra”, conta o pároco, padre Maurício Gomes dos Anjos.”
“Visível tanto do lado de dentro da igreja quanto do lado de fora (durante à noite, graças a um sistema de iluminação inaugurado no dia 28), o vitral representa as origens da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. “O centro de tudo é um coração e, junto a ele, tem raios amarelados que representam um cálice. Tudo se volta para o coração, que é o Sagrado Coração de Jesus”, explica padre Maurício. Logo abaixo, há pessoas, que representam as almas que encontraram o caminho para a salvação.”
“No canto inferior esquerdo, há uma representação de São João Evangelista e da Última Ceia. Conforme a Bíblia, São João Evangelista construiu uma relação bastante afetuosa com Jesus. Assim, pode recostar sua cabeça sobre o coração dele durante a Última Ceia e foi considerado o primeiro devoto do Sagrado Coração. Deste lado, o vitral é mais escuro e conta com uma lua, representando a noite.”
““Do outro lado, temos Santa Margarida Maria Alacoque, que teve a visão do Sagrado Coração de Jesus”, completa o pároco. A santa é representada como se estivesse diante do altar da Eucaristia, que foi como teve a visão. Logo acima dela, há uma imagem que representa o mosteiro onde ela viveu em Paray-Le-Monial, na França. Aqui, o vidro é mais claro e há um sol, representando o dia.”
“Padre Maurício foi um dos responsáveis pela idealização da obra, mas a criação é assinada pela artista visual Melissa da Costa Caldas, que trabalha em uma empresa especializada em vitrais religiosos.
Força-tarefa
Apesar das longas décadas que separam o início e o fim da construção do santuário, a última fase das obras foi rápida, durando pouco mais de um ano e meio. Num primeiro momento, houve a arrecadação de fundos para fazer o vitral. “Tivemos a ideia de pedir a colaboração de 700 pessoas, que contribuiriam com um valor durante doze meses, para então tentarmos a execução do vitral”, diz padre Mauricio”.
“A ideia foi lançada em dezembro de 2017 e exatamente um ano depois já havia 700 benfeitores envolvidos. Em outubro de 2018, quando a meta já estava próxima de ser batida, a empresa especializada em vitrais foi contatada para dar início à criação da obra. Em janeiro deste ano, o espaço começou a ser preparado para a fase de instalação do vitral, que ocorreu durante o mês de junho. Agora, a expectativa é que o vitral contribua para atrair devotos e visitantes ao santuário, tornando-se até um ponto turístico e cultural da cidade.
Projeto e reformas
Quando foi criado, em 25 de junho de 1954, o Santuário Coração de Jesus era uma paróquia e contava com uma pequena igreja, a qual começou a ser substituída pela atual em 1959, com o início das obras. Como o objetivo era de construir uma grande igreja, a finalização da obra acabou sendo dificultada.
“Ela é uma igreja muito alta. Nem se faz mais igreja nessa altura. Então, teve a questão do próprio tempo de construção: quando ficava pronta uma parte, já tinha que reformar outra”, conta o pároco. Assim, os últimos 60 anos foram um misto de execução da obra original e reformas.”
“De acordo com a arquiteta Aline Soczek Bandil, que trabalha desde 2009 nas obras da igreja, foram dois os focos principais nos últimos dez anos: fazer os acabamentos internos e os reparos necessários tanto para o bom funcionamento do local quanto para atender demandas de segurança e acessibilidade . As mudanças mais significativas foram a reforma do presbitério, finalizada há três anos, e a instalação de uma pia batismal no fim de 2018.
“O presbitério era um ambiente único com a sacristia e era muito grande, pouco funcional. Dividimos os ambientes, colocamos a sacristia no fundo e fizemos o projeto litúrgico, com a instalação da mesa, do ambão da palavra e da cadeira. Para complementar, fizemos um projeto na mesma linha de desenho e material para a pia batismal”, descreve Aline.”
“De acordo com a profissional, as reformas empreendidas não alteraram o projeto original da igreja, assinado pelo engenheiro (e ex-ministro da educação) Euro Brandão. Porém, isso não significou um impedimento à criação. “O projeto não tinha um grande detalhamento da decoração e dos acabamentos internos, então tivemos que desenvolver. Ele falava em um vitral, por exemplo. Tinha um esboço, mas não tinha um desenho detalhado”, conta.
Tanto Aline quanto padre Maurício consideram a igreja finalizada, mas admitem que o movimento de renovação do local não deve parar. “Sabemos que a igreja precisa passar por alguns reparos”, diz o padre. “E já fizemos o projeto [do vitral] pensando que, no futuro, as janelas laterais podem ser pensadas para serem vitrais também”, planeja.”
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